O cara

José H.Ribeiro, Eu, Renata, Marcus e Sílvia

Definitivamente José Hamilton Ribeiro se tornou um dos meus maiores ídolos. Já o admirava, agora ainda mais. Você talvez possa estar se perguntando, "Mas quem ele é?" ou então "O que tem demais esse senhor do Globo Rural?"

Pra quem não sabe vai um breve resumo da carreira desse homem que já passa dos 70 anos e cativa as pessoas com sua humildade e larga experiência profissional.

José Hamilton Ribeiro começou a carreira de jornalista em 1955 aos 20 anos como repórter da Folha de São Paulo, depois em 1960 participou da equipe criadora da revista "Quatro Rodas" na Abril ficando lá até 1966 quando boa parte da redação da revista saiu para montar a histórica "Realidade". E foi em "Realidade" que ocorreu algo que mudaria a carreira. Ao cobrir a Guerra do Vietnã, em 1968, pisou em uma mina terrestre e teve sua perna esquerda amputada. O jornalista nos relatou sua agonia em uma brilhante e clássica matéria na edição de Maio da revista.

Depois de alguns anos foi para a "Veja", ainda nos anos 70 com um grupo de jornalistas foi interior afora criar jornais experimentais (um dos mais famosos foi o 'Dia e Noite' de Ribeirão Preto'). Em 1980 é contratado pela TV Globo onde está até hoje e e trabalha no Globo Rural. Zé Hamilton é o recordista em número de prêmios Esso recebidos. Foram 7.

Bem, depois desse pequeníssimo resumo da carreira desta figura, contarei o que me levou a escrever essas palavras e tem, como prova, essa foto.

Sábado passado, 3 de fevereiro, fomos à Praça Benedito Calixto no Alto de Pinheiros, em uma feira de artesanato que acontece por lá. Nesse dia além da feira, aconteceu o "Autor Na Praça", atração que leva um escritor de livros para autografar suas obras em algum ponto de São Paulo. Naquele sábado estavam lá na praça o Ricardo Kotscho e o Zé Hamilton autografando seus últimos lançamentos, "Do Golpe ao Planalto" e "O Repórter do Século". Eu, tinha os dois livros e por que não ir lá autografá-los? De quebra tentar bater um papo com o José Hamilton, que é fonte de pesquisa para o meu TCC (que é sobre a Realidade).

Chamei alguns colegas de grupo e juntos fomos para a praça, naquele sábado escaldante. Chegando lá, avistamos em uma tendinha aquele senhor franzino, de rosto pacato. Para mim, eu estava na frente de um mito do jornalismo brasileiro.

Quem não tinha o livro comprou e recebeu o autográfo. Demos uma bela passeada pela feira, tomamos uma cerveja e depois sentamos em uma pequena arquibancada que ficava bem em frente a tenda. Pouco tempo depois nos surpreendendo, José Hamilton sentou perto de nós e ficou dando entrevistas. Ficamos na espreita esperando a primeira oportunidade para conversar com ele. Quando a entrevista terminou, nos aconchegamos ao seu lado, nos apresentamos e ele foi contando casos, histórias e respondendo pacientemente nossas perguntas. Não considero aquilo uma entrevista, mas sim um bate papo informal.

Depois de uma meia hora de papo fomos embora. Já estava quase anoitecendo e eu saí de lá mais fã ainda de Hamilton Ribeiro. Uma lenda viva do jornalismo que participou da fundação de várias publicações, correspondente de guerra (o único brasileiro no Vietnã), enfim, um dos mais conceituados profissionais desse país e dotado de uma humildade e generosidade que me impressionou.

Nessa hora, ali mesmo no metrô eu pensei: "Poxa, tanta gente nesse meio que não vai chegar a nem 5% da importância desse cara e também não terá nem um pouco do talento dele mas demonstra uma arrogância olímpica. E esse senhor com a bagagem que tem, é humilde desse jeito?"

Alguma coisa está errada. Alguma coisa sempre esteve errada.