Bar da Esquina (24h)

Thursday, August 24, 2006

Epopéia no centro da cidade

Ando numas de querer me reciclar, atualizar e deixar de ser o velho bocó que sempre fui.
Só que como o mundo é uma roda. Tudo acaba aonde começa e sempre encontraremos lembranças do passado no futuro.
Hoje revivi de forma involuntária e desproposital um momento de 2003.

Naquele ano eu andava a rua Marechal Deodoro (rua central daqui de SBC), quase que de cabo a rabo, com uma pasta cinza na mão e dentro dela um monte de currículos, deixava-os em agências, lojas e coisas do gênero, sem muita esperança, mas era um forma de passar o tempo, além de, porque não conseguir algo? Eu não fazia nada mesmo. Estava sem trabalhar e sem estudar mesmo (a faculdade viria em 2004 e o colégio acabara em 2002).

Acontece que às 15h da tarde decidi pegar uma carona com a minha mãe, que iria em um curso lá perto,para dar uma olhada num sebo que tinha lá perto que eu frequentava em 2003lá no início da rua.

Para minha surpresa ao chegar na frente do recinto me deparo com uma placa: "Mudamos para R. Ernesta Pelosini, esquina com Santa Filomena"
Para situar: A Ernesta Pelosini é uma das últimas travessas da Marechal, lááááá embaixo (ou aqui embaixo, pertinho de casa heheheh).
E agora? Pegar busão para ficar 5 min dele? Nem pensar, vamos andando pela malfadada Marechal.

Logo na primeira esquina já me deparo com uma "banca-sebo"(que eu já conhecia também), chego e pergunto para o senhor:

- Boa tarde, o senhor tem Realidade?
- Não. Só trabalho com revistas novas, alguns livros antigos e o que mais tenho é Playboy. Mas existe um sebo lá na "rua da Matriz" com a Faria Lima?
- Rua da Matriz? Qual? A Padre Lustosa ou a Rio Branco?
- Rio Branco, filho.
- Obrigado.

E em cada lugar que eu olhava vinham as lembranças de uma outra época, de um Caio em transição. O Itaú da América Brasiliense, a casa da minha finada bisavó, a Praça Lauro Gomes.

2ª parada: A velha "Lojas Americanas", onde quantas vezes não entrava para descansar, olhar os CDs e comer alguma coisa na lanchonete tosca dela lá no fundão.
Mais uma vez parei lá, para olhar CDs. Lá sempre tem bons preços, mas dessa vez não achei o CD que eu queria.

E a caminhada no meio do povão continuava, dezenas de moças e rapazes que tentam parar as pessoas com uma vontade insaciável e feroz de vender cartão e curso de computação. Uma delas me parou

- Moço já tem o cartão NONONONO?
- Não e nem quero ter. Sou desempregado.
- Desempregado?? Nossa, não parece
Nessa hora me deu vontade de perguntar por quê. Mas deixei quieto. Achei estranho pois estava com um visual "cansado". Camiseta amarela, barba de 1 semana e óculos de grau.
- Sim, eu sou. Até mais.

E tudo continuava igual na rua Marechal Deodoro, os mesmos botecos, bancos, povo, câmara de cultura e a velha Matriz. Ah, a velha Matriz de São Bernardo. Apesar de não ter religião, sou de família católica e aquela igreja com toda a sua imponência amarela é digna de louvor. Um cartão postal.

3ª parada: Rua Rio Branco, no tal sebo.
O problema é que o tal sebo simplesmente não existia, no local indicado funcionava mais um boteco dos centros decadentes de cidades médias e grandes. Saí e andei mais um pouco até entrar num outro velho conhecido: O Shopping coração.

É incrível, mas sempre acho que estou nos anos 80 nesse shopping. As fachadas das lojas, a estrutura, a pouca iluminação e tudo mais, de quebra fui atrás de um sebo na galeria bizarra que é a fina flor de uma boca do lixo que existe do lado do shopping, a Galeria Cury. Nada lá também.

Na minha peregrinação popular, cheguei ao cruzamento da Marechal com a Avenida Francisco Prestes Maia. Um clássico da cidade. Nada comparável a "Ipiranga com a S.João", mas tá valendo.
4ª parada:Sebo numa travessa da avenida. Acabei comprando a última edição da Realidade por 5 reais. O pessoal tem relíquias na mão e não dão valor, para mim é ótimo. A tia do sebo me fala de outro ali por perto, na Av Imperador Pedro II. Beleza, lá vamos nós!

Chegando lá, nada de Realidade. Nesse instante comecei a pensar: "Vou ter que começar a ir em São Paulo, atrás dessa revista". Sem problemas.

Lembra do sebo da rua Ernesto Pelosini? Tô pertinho dele. Antes uma passada no "Pão de Acúcar" para tomar uma coca cola. Ninguém é de ferro.
Isso já era umas 16h, deu uma esfriada e o sol abaixou um pouco, mas estou perto de casa.

5ª parada: Sebo do Samuca
Cheguei lá e uma moça chacoalhava um carrinho de bebê, no rádio tocava sertanejo e....nada de Realidade. Este é o último sebo do dia. (ou não?)

Não, não é. Lembrei-me de um outro corredorzinho existente entre a Faria Lima e a Marechal que tem, entre outras coisas, um camarada que vende discos. É a sexta parada.Fui lá, apenas para olhar.Papo vai, papo vem, começamos a falar de Queen, Robertão, Chico, O Terço, Secos e Molhados etc. No fim saio de lá com um compacto raríssimo do Roberto Carlos que tô pensando sinceramente em passar pra frente. Ele é de 1970 e tem uma versão só voz e violão de "Meu Pequeno Cachoeiro", feita especialmente pra esse compacto.

Ufa! 16h40 e eu estou cansado, suado e precisando de um banho e descansar. Mas antes uma loja de CD do outro lado da rua me tenta e lá vou eu em direção a ela. Lá tem bons CDs em promoção, entrei lá e o rádio da loja toca um CD do Khaled. É, aquele mesmo que fez sucesso uns anos atrás aí. Chega perto de mim uma tia, se dizendo vendedora e depois de uma conversa com a empulhante funcionária que (tentava) cantar a música que tocava na rádio da loja, saio de lá com os dois últimos CDs do Rappa por 20 reais (10 cada). Preço muito bom!

Estou ficando diferente mesmo, quem diria que eu estaria comprando CDs da década vigente. Isso também é muito bom!

Saindo de lá, ainda tenho que aturar um "companheiro" me entregando adesivos do PT. Chego em casa, tomo banho e descanso e começo a lembrar da tarde de hoje.

E a imagem que sempre me vem é de uma Marechal árida, quente, sufocante, com um sol escaldante e seres humanos vivendo como loucos. Sempre tive essa imagem dela. A imagem de que todos bailam perdidos, procurando alghuma coisa. E na verdade falta alguma coisa. O quê, eu não sei.

Tuesday, August 08, 2006

Legal!

Estou escrevendo um ultra diário secreto. Publicá-lo acho difícil, estou usando a forma narrativa e endereçado a uma pessoa. Tô pensando se mando pra ela ou não.

Mas é legal! Fazia tempo que não escrevia assim.

Sunday, August 06, 2006

Amanhã finalmente voltam as aulas da faculdade. É, amanhã só. Elas deveriam ter voltado na terça passada, mas sabe-se Deus porquê, ninguém foi a semana inteira. Talvez seja o frio, talvez a preguiça sei lá.

Eu compareci lá na minguada e fria terça feira, encontrei a faculdade vazia, na minha sala meia dúzia de pessoas e os professores não passaram nada. Fui embora às 19h50.
Mas amanhã não tem escapatória, tudo volta. Pra mim, ainda bem! Eu gosto da faculdade e tenho diversos motivos para gostar da volta das aulas. Daquela loucura toda.

O engraçado é que conversando com colegas e bisbilhotando o orkut alheio, só vejo o pessoal reclamando do retorno às aulas. Não entendo o porquê, talvez esses são os que mais sentirão falta dela quando terminar.

Curto muito a faculdade, e principalmente a possibilidade de através dela resolver alguns problemas.